Freelance, a crítica: a ousada comédia de ação com John Cena no Prime Video

John Cena e Alison Brie em Freelance

Mason Pettits é um ex-membro das forças especiais americanas, dispensado do serviço após participar de uma missão no estado sul-americano de Paldonia, na qual todos os seus companheiros morreram. Agora o homem leva uma existência tranquila junto com a esposa e a filha pequena, trabalhando sem grande entusiasmo como advogado. Um dia ele recebe a visita de seu ex-companheiro, Sebastian, que agora trabalha no setor de segurança privada e lhe oferece um novo emprego.

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John Cena em cena de Freelance

O protagonista de Freelance, cansado daquele cotidiano que para ele é monótono e chato e também em crise com a companheira, decide aceitar também porque a missão o trará de volta para lidar com seu passado traumático. Na verdade, ele tem a tarefa de proteger a jornalista Claire Wellington, pronta para ir a Paldonia para entrevistar o ditador Juan Venegas, que Mason considera responsável pelo trágico destino que se abateu sobre sua equipe. Mas assim que chegam ao local, uma tentativa de golpe de Estado muda ainda mais as cartas na mesa…

Moda antiga?

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Os três protagonistas do filme

Tem uma limitação óbvia que para alguns pode até parecer uma vantagem, nomeadamente o facto de estar desatualizado, tanto que parece um produto recém-lançado da década de 1980. Uma comédia de acção elementar, sem grandes ambições que não seja a de entreter o público-alvo principal, permitindo também aqui e ali várias referências num cenário exótico que tanto sucesso deu a títulos temáticos no passado. E esta aura citacionista é ainda sublinhada pela interpretação de John Cena que parece cada vez mais seguir a verve autodepreciativa de Arnold Schwarzenegger, onde aquela fisicalidade esculpida e pesada de um lutador se combina com um rosto cómico cada vez mais preponderante, o que o torna “o ‘homem certo no lugar certo’. Basta olhar para o prólogo, onde a narração acompanha a visão em primeira pessoa e em muito pouco tempo nos apresenta a história deste ex-soldado desiludido, forçado a uma vida civil.

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Mais contras do que prós

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Uma cena de ação com John Cena e Alison Brie

De Paldonia com amor

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Todos a cavalo…

Freelance é uma operação bastante singular na carreira do diretor francês Pierre Morel – sim, aquele por trás de I’ll Find You (2008) e From Paris with Love (2010) – que aqui opta por ambientes mais leves e sem uma ideia precisa, levando adicionais arrisca oportunidades para trazer à tona o caos, em detrimento de uma trama e encenação relacionada que teria se beneficiado de uma maior homogeneidade. Essa falha é parcialmente compartilhada com o roteirista Jacob Lentz, em seu primeiro trabalho para o cinema. É claro que não está claro exatamente como foi gasto o orçamento de quarenta milhões, visto que, além de algumas cenas de ação na selva sul-americana e do confronto final, Freelance oferece um espetáculo relativamente contido, sempre tentando hibridizar as duas almas do história em uma mistura que nunca convence totalmente.

Conclusões

Um ex-soldado das forças especiais que foi dispensado e leva uma vida tranquila – demais para ele – como pai de família e advogado em um escritório de advocacia, pega novamente em armas após ser contatado por um antigo camarada. Em missão como guarda-costas de um jornalista, chamado para entrevistar o ditador de um estado sul-americano fictício, ele se vê obrigado a lidar com seu passado. Freelance é uma comédia de acção ingénua, por vezes engraçada mas pouco coesa em termos de situações e narrativa, que encontra a sua principal força na auto-ironia de John Cena que melhor engloba as duas almas da operação. Pena que o mesmo não possa ser dito do resto.