Sonhos são desejos: é a Disney que é nostálgica ou o seu público?

Uma composição com Mickey Mouse no set do BTC Festival

“Sonhos são desejos”. Uma frase que só pode trazer à mente os Walt Disney Animation Studios e o quanto eles influenciaram, em 100 anos de atividade, inequivocamente crianças de todas as idades e gerações. As crianças de ontem que se tornaram os adultos de hoje, que por sua vez educam e criam os seus filhos – portanto as novas gerações – para transmitir e transmitir este legado animado que foi tão fundamental (e traumático) no seu respectivo crescimento. A mesma infância que regressa ciclicamente sempre que vemos uma cena icónica de um clássico da Disney, ou ouvimos uma música retirada dela.

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Diana Del Bufalo na fotochamada do BCT. Foto de Andrea Barbieri

Foi um pouco o que aconteceu na noite de abertura da oitava edição do BCT – Festival Nacional de Cinema e Televisão de Benevento, que no cenário evocativo do antigo teatro romano ao ar livre, assistido pela orquestra sinfónica local e pelo showman Diana Del Bufalo, quis (re)trazer o grande público presente (pagante, detalhe que não deve ser subestimado) para aqueles lugares mágicos e imperecíveis. Um grande público apesar da chuva torrencial e das condições climáticas adversas do dia, demonstrando não só a “força social” da atriz, mas também e sobretudo a da Disney.

Disney para todas as idades, ou talvez não

Encanto Isabela Madrigal Diana Del Bufalo

Um momento de encantamento

A chuva e o tempo incerto, dado o envolvimento da orquestra ao vivo e outras máquinas técnicas, permitiram a Diana Del Bufalo entreter os espectadores, notando que o público era maioritariamente adulto do que infantil. Isto talvez ateste mais uma vez que o público hoje em dia é terrivelmente nostálgico e quer tentar reviver a alegria e o bem-estar da infância e da adolescência, especialmente em tempos frenéticos e de crise económica como os que vivemos. Tal como as crianças que já se tornaram adultas e estão à frente dos vários cursos, que vão redescobrir velhos clássicos, como a Disney está a fazer ao propor continuações e adaptações live action, em vez de materiais totalmente novos.

Encanto 11

Diana Del Bufalo dubla Isabela Madrigal em Encanto

Até porque, convenhamos, quando ela tentou fazer isso, com títulos como Raya e o Último Dragão, Encanto (onde Diana Del Bufalo dublou Isabela) e Estranho Mundo Novo, não deu muito certo. Tanto que durante a noite o show abraçou todas as épocas da Disney, apresentando também covers de músicas e filmes mais recentes, incluindo títulos da Pixar como Toy Story ou instrumentais como Piratas do Caribe, acompanhados pela trupe de dança vestida com o tema. Durante as performances pudemos constatar como o entusiasmo dos espectadores, tanto adultos como crianças, se exprimia sobretudo nas representações da animação, normal ou mista, ligada a títulos anteriores. De Mary Poppins a A Bela e a Fera, de Aladdin a A Pequena Sereia, de Pocahontas a Os Aristogatos e O Rei Leão. Com uma grande e inevitável exceção: Frozen e aquele fenômeno que foi Ao amanhecer eu levantarei. Histórias de casos que já conhecemos.

A nostalgia me leva embora

Hércules 1

Hércules, um dos clássicos mais queridos da Disney

A sequência da Pixar não traiu as expectativas (estamos falando de uma franquia muito querida), que se traduziram em ingressos vendidos. O filme bate recorde após recorde não só nas bilheterias italianas, mas também nas bilheterias globais. Motivo de satisfação (num momento de vacas magras), mas que nos leva a reflectir sobre o tema: talvez os espectadores estejam mesmo dispostos a regressar ao cinema, mas apenas para bons filmes (e Divertida Mente 2, líquidas das semelhanças fisiológicas com o primeiro capítulo , isso é). Então, querido Disney, além de nostalgia, você precisa de beleza. Nunca como agora, só falta focar na qualidade.